segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Ton Koopman, o mais célere

O organista holandês, cravista, musicólogo, director de orquestra, fundador da "Amsterdam Baroque Orchestra & Choir" e empresário musical de 63 anos, Ton Koopman, está definitivamente entre os que interpretam as obras mais celeramente.




Com uma extensa carreira no mundo musical, galardoada com inúmeros prémios (entre eles o de melhor intérprete de Bach), Koopman dedica-se a um reportório anterior à data da morte de Mozart, a 05 de Dezembro de 1791. "I draw the line at Mozart's death", costuma dizer o músico.



Ambicioso, o organista e dirigente de orquestra concluiu em 2005 a gravação do ciclo de cantatas completo de J. S. Bach (incluindo as duas Paixões e ainda uma reconstrução possível da Paixão de S. Marco, pelo próprio Koopman) e agora trabalha num projecto semelhante, tendo já lançado a 10 de Março de 2007, cinco volumes das obras completas de Buxtehüde.



De agenda sempre preenchida, chega a actuar em dezenas de grandes salas de concertos e catedrais possuidoras de poderosos órgãos históricos, num só mês.



Com interpretações de deixar sem fôlego o ouvinte, Koopman realça a grandiosidade do grande mestre alemão e dá vida a outras não-tão-espectaculares obras, tirando da sombra compositores menos conhecidos do público. Muito característico do músico é também a sua surpreendente ornamentação das peças, detentora de grande criatividade e virtuosismo.





Apesar do seu inegável virtuosismo, por vezes opta por uma velocidade que nem sempre se adequa à obra ou a uma secção em particular, impedindo um pouco que a música respire, desrespeitando em certa medida a ressonância do local. É também de notar uma certa tendência em acelerar no decorrer de uma interpretação.




Uma das principais críticas que os estudiosos lhe redigem reside exactamente na introdução ornamental. Os mesmos afirmam que esta segue o Stylus Fantasticus de Buxtehude ou Pachelbel, mas não de Bach, que não se inclui na mesma corrente.




Verdade ou não, o certo é que a sua técnica é bastante contestada.


Curriculum:


Ton Koopman nasceu em Zwolle (Países Baixos) em 1944. Depois de ter recebido uma educação clássica, estudou Órgão, Cravo e Musicologia em Amesterdão, sendo posteriormente laureado com o «Prix d’Excellence» em ambos os instrumentos. Desde o começo dos seus estudos musicais que se deixou fascinar pela autenticidade dos instrumentos e o seu estilo de execução, de acordo com as capacidades sonoras que os caracteriza. Isso levá-lo-ia a constituir, em 1969, graças a um subsídio, a sua primeira orquestra barroca. Em 1971, outra vez por sua iniciativa, viria a fundar a Amsterdam Baroque Orchestra e, em 1992, o Amsterdam Baroque Choir.

As suas impressionantes actividades como solista, acompanhador e maestro encontram-se documentadas através de um vasto número de LPs e CDs que gravou para etiquetas tão prestigiadas como a Erato, Teldec, Sony, Philips e Deutsche Grammophon, sem referir as que registou para a sua própria marca, a «Antoine Marchand», cuja distribuição se encontra a cargo da firma Challenge Records.

Ao longo de 44 anos de carreira, apresentou-se nas mais importantes salas de espectáculo e festivais dos cinco continentes. Na qualidade de organista, já se deu a ouvir nos mais prestigiados instrumentos históricos da Europa, e, como cravista e maestro da Amsterdam Baroque Orchestra and Choir, tem sido convidado regularmente a actuar no Concertgebouw (Amesterdão), no Teatro dos Campos Elíseos (Paris), na Filarmonia de Munique, na Ópera Antiga de Frankfurt e no Lincoln Center e no Carnegie Hall (Nova Iorque), para além de outras salas de concerto em Viena, Londres, Berlim, Bruxelas, Madrid, Roma, Salzburg, Tóquio e Osaka.

Entre 1994 e 2004, empenhou-se num projecto único, que foi o de dirigir e gravar todas as cantatas existentes de Johann Sebastian Bach, um trabalho de grande fôlego, o qual viria a obter o Prémio Alemão do Disco «Echo Klassik», o Prémio BBC 2008, o Prémio «Hector Berlioz» e uma nomeação para os Grammy (EUA) e para o Prémio Gramophone (Reino-Unido). Em 2002 recebeu um grau honorário pela Universidade de Utrecht (Países Baixos), em virtude do seu trabalho académico sobre as cantatas e paixões de J. S. Bach, e foi ainda galardoado com os prestigiosos prémios Silver Phonograph e VSCD Classical Music. Finalmente, em 2006, foi-lhe outorgada pela cidade de Leipzig a «Bach-Medaille».

Recentemente, abraçou um novo projecto de grandes dimensões, que consiste na gravação integral da obra de Dieterich Buxtehude, um dos grandes inspiradores de J. S. Bach quando jovem. Esse trabalho será concluído em 2010, englobando um total de 30 CDs. Ton Koopman é actualmente presidente da International Dieterich Buxtehude Society.

Da sua actividade como maestro convidado, importa realçar as suas actuações à frente de algumas das maiores orquestras da Europa, da América e do Japão, a saber, Orquestra de Câmara da Rádio dos Países Baixos, Orquestra do Concertgebouw de Amesterdão, DSO de Berlim, Orquestra da Tonhalle de Zurique, Orquestra da Radiodifusão da Baviera, Sinfónica de Boston, Sinfónica de Chicago, Orquestra Filarmónica da Rádio Francesa, Orquestra de Cleveland, Orquestra de Santa Cecília (Roma), Orquestra Filarmónica Alemã de Câmara e Sinfónica de Viena. Na próxima temporada, tem agendados concertos com a Filarmónica de Nova Iorque, com a DSO de Berlim, com a Orquestra da RAI de Turim, com a Filarmónica de Estocolmo e com a Orquestra da Tonhalle de Zurique. Devido ao grande sucesso que alcançou durante uma tournée que fez recentemente, foi nomeado Artista Residente da Orquestra de Cleveland até 2011.

Enquanto investigador, há vários anos que se encontra a preparar, para a firma Breitkopf & Härtel, a edição completa dos concertos de Georg Friedrich Haendel para órgão, e publicou ultimamente o Messiah, deste compositor, e Das Jüngeste Gericht, de D. Buxtehude, ambas as obras com a chancela da editora Carus.

Director artístico do festival francês Itinéraire Baroque (Périgord), Ton Koopman desempenha funções docentes no Real Conservatório de Haia (Países Baixos), onde é igualmente director da classe de Cravo, além das de professor na Universidade de Leiden (Países Baixos) e de membro honorário da Real Academia de Música de Londres.




Fontes bibliográficas:

  • Folheto do Concerto de Inauguração do Órgão da Igreja do Colégio na Ilha da Madeira - www.madeira-edu.pt/Portals/25/documentos/cultura/ComunicadodeImprensagrandeorgao.pdf

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